
Estou aqui deitada por debaixo da escuridão. Há muito que as luzes da casa se apagaram, resta somente um pouco de lua que entra pela janela e ilumina um pouco o quarto. Fecho os olhos. A música corre-me nas veias e faz-me sair da cama, sair pela janela e vaguear. O mundo lá fora é meu agora que todos se deitaram, apagaram as luzes e nem sequer pararam para ver a réstia de lua que entrava pelos seus quartos porque estavam cansados de mais para sonhar.
A lua, sobre mim, ilumina tudo aqui em baixo transformando o que já foi em tempos um mundo de cor numa realidade a preto e branco. Eu vagueio, procuro-te, tento encontrar-te por de trás de alguma sombra. Onde estás tu? Despacha-te, vem comigo, vem aproveitar o que resta desta noite, vem sentar-te a meu lado em silêncio, vem amar-me. Vem amor, vem, senão a música acabará e eu irei acordar juntamente com todas aquelas pessoas que não tinham tempo para sonhar. Vem amor, vem, faz com que tudo seja diferente, com que eu seja diferente, não porque sonhei mas porque amei. Vem amor, vem.
por Inês Batista