é difícil quando a casa de desmorona e não conseguimos juntar os tijolos para a reconstruir.
é só o meu pequeno desabafo hoje. é.

a música,essa,desfrutem dela. ouçam e ouçam. é do coração.

os sorrisos e os risos de sempre.
as piadas mais parvas e mais sem jeito.
o encher o copo à amarílis na tentativa de a embebedar.
o andré e a auri a sujarem a boca com bacalhau com natas.
a liliana a rir e eu a imitá-la.
a mariana em que a coca-cola surtiu o efeito 'sensos'.
'sensos' para todos. chapadas a distribuir para quem não faz.
a liliana a rir mais uma vez.
o sarnadas que não pode beber porque estar a tomar antibióticos.
o andré a fazer me olhar para a mão dele para depois me dar um soco porque eu olhei.
o nuno que mete um copo a baixo num segundo.
o fernandes ali quietinho.
a mesa cheia de cervejão entornado.
a auri que já não se segura bem em pé.
o vieira e a sua piada so "estás a gozar comigo".
um smile feito na parede com bolo de chocolate.
o andré que chama porque "não é nada!".
a liliana a implorar o cervejão ao rapaz,penso que se chamava miguel.
agora cá vamos nós no difícil caminho para o Ria, que tudo quer ir à shisha.
ai os pés de uma. ai a garrafa do cervejão. ai os cigarros.
e a paragem para analisar a fachada da misericórdia que tem pombinhas a dormir.
e a shisha de "trutri frutri" como a auri disse.
a inês cega que não viu o rui.
agora o rapaz da bandeja que passa e olha sempre para a auri.
mil e uma fotos e flashes para nos lembrarmos do momento.
risos e mais risos. ai,e calor.
agora vamos dar aos pés.
uma gesticulação de olá para o rui.
vamos andando vemos a raquel.
mais um passos reencontramos o nuno.
andamos mais e encontramos o cardote,o eterno namorado de todas.
o namorado da liliana as 2as,4as e 6as.
o namorado da inês as 3as e 5as.
o namorado da auri aos feriados.
o namorado da barbara ao fim de semana.
o pai dos filhos da mariana.
e por ai fora.
e lá nos queixamos eu e a liliana da falta dele no jantar.
depois vamos dar mil voltas pela praça.
agora chove e que bem que sabe.
a auri vai-se embora.
depois vai a amarílis e a mariana.
ficou eu a liliana e a quina.
vamos ao plaza.
metemonos em conversas sérias.
mas está calor e eu e a liliana viemos ca para fora para a chuva.
e continua a conversa.
depois vamos andar mais um pouquinho.
a quina agarra-me a dá-me um grande abraço. sussurra que gosta de mim.
a liliana faz o mesmo. e eu sinto me tão bem.
e ficamos ali até à hora de ir.
vamos.
chego.
fico até as cinco da manhã acordada a conversar.
e depois durmo,pouco,mas durmo.
e todas estas pequenas coisas são absorvidas por mim.
ficam gravadas. fazem bem. e sabem como se fossem tudo. afinal,até o são.

porque dá vontade de estar no escuro, na cama, nos lençois fresquinhos, de braços abertos a ouvi-la.
pianos!

tenho o quarto desarrumado.
três pares de chinelos no chão.
mais cinco pares de sapatilhas.
luzes e uma guitarra partida.
um piano em cima da mesa e pasteis de óleo.
uma lata de nesquik e a malinha branca.
três pares de calças em cima da cama.
umas são apertadas. outras servem. e as terceiras são largas.
um casaco pendurado na cadeira.
outro pendurado no ferro da cama.
esse e mais dois soutiens.
uma camisola vermelha e outra azul.
umas calças e uma camisola de cavas às riscas brancas e verdes.
tenho o quarto desarrumado, a cama por fazer.
tenho o quarto desarrumado, são quase três da manhã,tão silenciosas.
tenho o quarto desarrumado, e eu acordada nesta desarrumação que nada é normal.

rebolei para um lado. rebolei para o outro.
joguei as mantas e o lençóis para o fundo da cama.
pus um braço debaixo da almofada. depois o outro.
virei-me para cima. virei-me para baixo. virei-me de lado.
puxei o lençol e dei um volta outra vez.
e depois, depois já nem sei como, mas adormeci.

ingredientes:
-luzinhas de natal que terá que ir buscar ao sótão.
-hora: mais ou menos 1:30 da manhã.

modo de confecção:
-filmam-se as luzinhas.
-mistura-se tudo.
-agora junte um recheio agradável
(sugestão: uma música de Yann Tiersen, com piano)
-leve ao forno.
-aguarde alguns minutos e retire.


e agora, está pronto a servir.
bom apetite!


p.s.- fui eu que confeccionei a receita.
podem comer à vontade que não faz mal.
nem ao coração. nem ao fígado. nem aos intestinos.
comam à vontade!

acordei a meio da noite e olhei para a janela. estava a entrar luz e eu pensei "alguém se esqueceu de apagar a luz da marquise!". olhei para o relógio. afinal já eram 6:47 da manhã.
a minha mãe chamou-me às dez. eu levantei-me eram 12:42.
almocei em casa da avó. mais um almoço em família.
histórias e mais histórias,como sempre.
o meu primo que quando era pequeno dizia sepósito em vez de depósito. ou bucelidade em vez de velocidade. ou então dizia que filetes eram peixe com pijama. e agora têm um suposta namorada. uma amiga, que os meus avós teimam ser uma namorada. oh,são avós.
a inês que há-de ir para a universidade. e já sabes cozinhar? olha que a tua mãe não vai contigo! e depois? e vais para quê? e são quando os exames? ai,é já?
o elton, que se queixa que o fim de semana já está a acabar e que amanhã já tem que ir trabalhar.
fala-se de mil e uma coisas e o meu avô tem mil e uma outras histórias sobre cada assunto. quando já ninguém o está a ouvir,ele puxa me o braço e agora sou só eu que o ouço.
ah,agora lá convenceram a minha avó a ir buscar o gelado. uhm,morango. e eu lá reclamo mais gelado porque, claro,sou a unica neta,mereço mais. e, no meio de risos, a desculpa pega, e eu lá tenho direito a mais gelado.
agora está na hora de ir para o sofá, enquanto o avô e o outro avô ficam à mesa a falar de quando eram novos. e eu, quase a adormecer depois de almoçar, ouço. "Ah, eu era para me ter livrado da tropa, mas o (qualquer coisa) e o (qualquer coisa também), que eram da minha idade, acabaram por falar em mim e lá tive que ir eu. Depois foi a recruta e eu a pensar que me librava, veio lá o general e deu-me um papel para eu escolher o que queria fazer na tropa. Olha, escolhi aviação, mas fui para a cavalaria.", "Eu escolhi ir para a marinha, mas por sorte ou azar, não fui.", "Depois também acabou o tempo obrigatório e vim-me embora.", "Naquele tempo...".
e pronto,acaba tudo com um "naquele tempo..."
oh mãe,anda,vamos embora.
chego a casa. ah, vamos lá estudar. "on inês,queres vir comigo a aveiro comprar umas camisas?" vamos,vamos já!
ir a aveiro. voltar. estudar.
e agora, mais um jantar em casa da avó.
outra vez mais histórias, e mais gelado, agora de chocolate.
e sofá outra vez com as pernas esticadas em cima da mãe. uhm, miminhos da mãe.
e agora, vamos para casa, e dormimos.
até amanhã.

lembro me perfeitamente de quando tirámos esta foto,lembro sim.
está gravado tudo aqui,na memória,no coração.

sabes,tenho saudades do mundo de fantasia.
das tardes passadas a brincar.
das tardes em casa da avó.
das tardes a saltar e a pular.
até tenho saudades da escola primária.
principalmente tenho saudade da família, do que eu pensava ser família.
tenho saudades.

é tudo História. História e histórias.
25 séculos,olha lá para eles.

e depois é o computador e os post-it.
as canetas e o lápis e a borracha.
e umas fotos, uns papeis colados na parede.

espelho meu, espelho meu:
que vês tu neste eu?

tudo (de pernas) para o ar.

here comes the sun

quando ele vier mesmo,ponho os óculos de sol,vou lá para fora,deito-me na relva,e fico a fazer festinhas à gata.

acordar,mas ficar enrolada nos lençóis,porque aqui está quentinho.
e enroscar mais uma vez a cabeça na almofada.
e ficar de olhos fechados,embora a claridade que entra pela janela me faça saber que já é de dia.